Às vezes, pego de surpresa, perdido em lembranças da últimas copas do mundo de futebol, a arte sempre teima em se fazer presente.
Imagino a criatividade, o drible e a molecagem vencendo a força, a rigidez, o esquema tático impecável de fortes e temidos adversários.
E, em grandes e equilibradíssimas disputas, o time do Brasil alcançando êxitos memoráveis.
Copas vêm, copas vão, e a arte, cada vez mais ausente, parece que foi jogar noutro canto.
Lá, quem sabe, ela esteja brincado com a beleza, que há muito fugiu das passarelas junto com a sensualidade
Pelos quatro cantos do mundo, o futebol arte e a beleza feminina cederam lugar para o jogo de resultados, uma espécie de antijogo.
Veja bem, o importante é ganhar, não importa o sabor, muito menos a cor.
Veja bem, o importante é ser top, não importa a saúde, o bem estar.
E o que tem haver mulher com futebol. Nada. Tudo. Isso aí, vai depender de mim, de você.
Primeiro, uma mulher para ser top precisa ser super magra. Por quê? Alguns “profissionais” do mundo da moda assim decretaram. E o que vemos é tentativa de imposição de um padrão de beleza que não tem correspondência com o humanamente palpável, real.
Ah! E o futebol. O futebol tem uma legião de fãs e de praticantes por todo lado. Poucos são indiferentes a ele, vez que mexe também com o emocional.
Milhões de torcedores, jogadores, peladeiros, se envolvem e se encantam com as façanhas de jogadas inacreditáveis.
Dia desses, agora em causa própria, sofri e me encantei com meu Fluminense que, contrariando toda a lógica dos matemáticos, saiu da zona de rebaixamento, feito um jipe com tração nas quatro rodas. Coração na garganta, jogadores machucados, salário atrasado, reservas duvidosos. E, no final, show de bola. Técnico, sangue bom; jogadores, guerreiros; torcida, João de Deus; e por aí vai...arte...beleza...vida.
Descupe-me pela emoção!
E, como o momento agora é de Copa do Mundo de Futebol, que, segundo suas últimas edições burocráticas, não tem permitido muito espaço para manifestações artísticas.
Todo um entusiasmo para assistir a seleção brasileira tem sido abafado por um misto de vitória com gosto amargo de falta de alguma coisa, chamada tempero, brilho...arte...vida.
Assim como os gramados nos dias de hoje, as passarelas parecem estar no lugar errado. Já expulsaram a arte e a beleza, e falta pouco para expulsar a platéia.
Nesta Copa, fico pensando, talvez nem tudo esteja perdido, a jabulani, que compromete tanto quem chuta, quanto quem defende, pode teimar e minar as mentes burocratas que gostam só dos resultados.
Mesmo assim, estou certo de que no futuro, quando buscar lembranças da Copa de 2010, na África do Sul, arte e beleza estarão presentes, juntamente com a alegria e a simplicidade, só que do lado de fora dos estádios.