sábado, 15 de maio de 2010

É a vida



De repente, somos flagrados terceirizando problemas alheios. Como essa conversa de bois, ops!...ou melhor, de dois amigos nas pecuárias da ...

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-Grande amigo, parabéns pela nova parceira.

Pego de surpresa, o amigo, com a voz embargada, responde: - Sou pelo lado estético. E, como diz o poeta, beleza, pra mim, é fundamental. Então, nada feito, nada de parceira.

- Grande amigo, ela passou na seleção, é uma campeã. E pode facilitar sua vida em todos os sentidos, moradia, alimentação, viagens. Tudo de primeira. Você perdeu o juízo?

Agora, procurando argumentos e balançando a cabeça negativamente, ele diz que é muito constrangedor ficar por conta dos outros. “Ainda mais eu que, além de ter um nome a zelar, não vejo condições de convivência. É muito desprovida de recursos. Até anda com as pernas abertas”.

-Grande amigo, ela derrubou todas as concorrentes. É a melhor das melhores. Pode não ser a mais bela, mas, com certeza já é a dona do cofre e de todas as atenções. Tornou-se cortejada. E você fica aí com esse negócio de estética, de beleza, de amor próprio. Não perca essa chance. Senão, senão...você pode ser considerado um animal incompetente...um burro.

Conversa vai, conversa vem, mas, eis que chega o dia do grande encontro.

A expectativa é geral.


Os promotores, alcoviteiros, cruzam os dedos e ficam à espreita.

Olhos nos olhos, ela se aproxima dona de si e cheia de soberba; causando pecados capitais, como, inveja, nos invejosos, e irá, nos irados.

Naquele momento, o mundo, esquecido, parou.

Ninguém pensava em concurso, em viagens, comidas, estética, beleza.

Nada.

O cio cegou o casal, sem juízo, na arena das necessidades fisiológicas.

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- Grande amigo, me diga com quem andas que eu te direi quem és! E aí, preparado para uma vida de ócio e cruzas, de prazer e sucesso, de reconhecimento.

Pensativo, reflexivo, introspectivo, ele disse estar preparado, mas que temia em relação ao futuro do amigo.

- Grande amigo! Meu futuro, o que tem de errado em relação ao meu futuro?

Geralmente, disse ele taxativo, o gado de corte vai para o abate mais cedo.

-Grande amigo, quem te contou sobre fatalidade tão cruel, que está a merecer uma queixa-crime, uma ação.

Desconsertado, ele apontou para a grande vaquinha campeã, que havia mugido em seu ouvido algo parecido com “Muuuuuuuuuuuuuuu!!!!”.

-Grande amigo, após a ficha cair, viu como eu estava certo sobre ser aprovado na seleção. Você agora, ao contrário de mim, tem um salvo-conduto, que apesar de não ser estético, nem ético, nem belo, é um salvo-conduto.

Entretanto, cabisbaixo e mais triste ainda, o grande amigo refletiu afirmando: estamos todos no mesmo curral e, no final das contas, tanto faz ser selecionado, campeão, reprodutor ou esbelto.

- Grande amigo, aonde você quer chegar com essa controvérsia toda???

Imóvel, ele fala sobre o segundo “Muuuuuuuuuuuuuuu!!!!" da grande vaquinha vitoriosa no torneio, dizendo que não havia escapatória e que todos irmãos ruminantes um dia vão estar no o centro das rodadas de churrasco e de cerveja de um outro animal sanguinário qualquer.

- Grande amigo, isto posto, então só me resta erguer a cabeça, olhar pro céu e mugir...”há Deus!?”

- Muuuuuuuuuuuuuuu!!!! ...

















terça-feira, 11 de maio de 2010

Seu EU




     Quase chorei no meu velório

Meus olhos pediam lágrimas.

Muita MENTIRA foi

dita            sobre                   mim


Por fim, resolveram me enterrar.

F.e.l.i.z !

S a í.

Um grande encontro é sempre um grande encontro



Dia desses, dois carreiristas da política estavam fazendo um balanço de suas trajetórias na vida pública. O da direita, nos tempos da juventude, era um combativo militante de esquerda, vermelho até na alma.



Conversa vai, conversa vem.



Um diz em alto e bom som: “antes eu não acreditava em nada, mas hoje sei da importância da fé para trilhar os caminhos do homem, caminhos da vida. Minha igreja me dá todo o suporte espiritual para que eu continue na lida, pra ajudar esse povo sofrido de meu Deus.”



O agora na esquerda, que antes representava o capital, categórico pregava uma revolução de costumes e de prática política. Tipo mais democracia para que pudesse semear a ditadura do proletariado. Minar a liberdade para impor a igualdade.



Depois de muito troca-troca de oportunismo, de cinismo, de bandeiras, surge uma queda de braços no centro.

As forças são as mesmas, tanto da direita para a esquerda, quando da esquerda para a direita.



“Eleitor, eleitor onde estás...onde escondes...!!!???”



Mas, eis que surge um questionamento inusitado. - Quem confia nas pesquisas?

Sem sentido, os dois, numa convergência, reconhecem que as pesquisas os fazem voar dentro de gaiolas, presos as aparências do momento e tendo de cantar bonito para atrair a atenção.



Frente a frente, tendo a queda de braço virado jogo de palito, concluem que o que mais preocupa não são as pesquisas, as penalidades eleitorais, nada disso. A preocupação maior é perder,  perder, e perder a chance de ajudar o povo, por causa da ingratidão.



Êta encontrinho de merda pra dizer que o eleitor não tem coração.