quinta-feira, 4 de junho de 2020
sábado, 17 de março de 2018
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Inocência
Era uma vez... um bairro que mais parecia uma cidadezinha do interior. A vida transcorria calmamente. Tudo fluía a mil maravilhas. As ruas eram bem arborizadas e tinham casas com alpendres e jardins; os muros eram baixos; a vizinhança se conhecia bem e, no mínimo, era amorosa. Um “bom dia” quase nunca era negado. Tratava-se, pois, de um lugar de gente simples e fraterna.
Pois é, esse lugar existiu no meu coração, também nos corações dos meus pais, dos meus irmãos, dos meus tios e primos. Nele existiu um cantinho especial, que só pude defini-lo como um verdadeiro pedacinho do céu.
Quando mudamos de Paraúna para Goiânia, família farta de filhos, catorze ao todo, mais gato, cachorro, papagaio, não houve, que eu saiba, estranhamento nem melancolia. Sem delongas e como se diz já nos sentíamos em casa, na Campininha. De um lado, a tia Xata e a tia Inocência; do outro lado da rua, a tia Bita. Todas manas do meu pai, o caboquim Bindito Ferro.
Daí, senão desde Paraúna, sempre contamos com uma boa retaguarda que sempre nos permitiu, sem medo, lançarmo-nos rumo ao futuro, a fim de conquistarmos novos espaços e de concretizarmos os nossos sonhos.
Na terra natal, diga-se com justiça, Rogério e Floriano Gomes da Silva, inegável dupla de ases, sabiamente nos credenciaram a todos para a vida e, por que não, para o mundo.
Como nem tudo são flores, essa irmandade contagiante, composta por Rogério, Maria, Amélia, Floriano, Benedito, doou a Deus seu último membro. No dia 21 de outubro de 2012, Inocência Gomes da Silva, 96 anos de idade, servidora aposentada dos Correios e Telégrafos.
Católica até o mais fundo do seu ser, jamais deixou de pertencer à Irmandade de Maria. E mais, ensinou-nos a todos nós a rezar, frequentar a Igreja de Jesus Cristo e a importância imensurável da fé.
Hoje, já passadas tantas décadas, rememorando aquela florida e arborizada Campininha, só sobra à certeza de que o colorido de nossas infâncias e juventude deve-se em tudo àquele triangulo amoroso de moradias e parentes, na mesma Avenida Rio Grande do Sul, de carinhosa convivência, hoje representado pela tia Inocência.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
É a vida
De repente, somos flagrados terceirizando problemas alheios. Como essa conversa de bois, ops!...ou melhor, de dois amigos nas pecuárias da ...
-------
-Grande amigo, parabéns pela nova parceira.
Pego de surpresa, o amigo, com a voz embargada, responde: - Sou pelo lado estético. E, como diz o poeta, beleza, pra mim, é fundamental. Então, nada feito, nada de parceira.
- Grande amigo, ela passou na seleção, é uma campeã. E pode facilitar sua vida em todos os sentidos, moradia, alimentação, viagens. Tudo de primeira. Você perdeu o juízo?
Agora, procurando argumentos e balançando a cabeça negativamente, ele diz que é muito constrangedor ficar por conta dos outros. “Ainda mais eu que, além de ter um nome a zelar, não vejo condições de convivência. É muito desprovida de recursos. Até anda com as pernas abertas”.
-Grande amigo, ela derrubou todas as concorrentes. É a melhor das melhores. Pode não ser a mais bela, mas, com certeza já é a dona do cofre e de todas as atenções. Tornou-se cortejada. E você fica aí com esse negócio de estética, de beleza, de amor próprio. Não perca essa chance. Senão, senão...você pode ser considerado um animal incompetente...um burro.
Conversa vai, conversa vem, mas, eis que chega o dia do grande encontro.
A expectativa é geral.
Os promotores, alcoviteiros, cruzam os dedos e ficam à espreita.
Olhos nos olhos, ela se aproxima dona de si e cheia de soberba; causando pecados capitais, como, inveja, nos invejosos, e irá, nos irados.
Naquele momento, o mundo, esquecido, parou.
Ninguém pensava em concurso, em viagens, comidas, estética, beleza.
Nada.
O cio cegou o casal, sem juízo, na arena das necessidades fisiológicas.
-------
- Grande amigo, me diga com quem andas que eu te direi quem és! E aí, preparado para uma vida de ócio e cruzas, de prazer e sucesso, de reconhecimento.
Pensativo, reflexivo, introspectivo, ele disse estar preparado, mas que temia em relação ao futuro do amigo.
- Grande amigo! Meu futuro, o que tem de errado em relação ao meu futuro?
Geralmente, disse ele taxativo, o gado de corte vai para o abate mais cedo.
-Grande amigo, quem te contou sobre fatalidade tão cruel, que está a merecer uma queixa-crime, uma ação.
Desconsertado, ele apontou para a grande vaquinha campeã, que havia mugido em seu ouvido algo parecido com “Muuuuuuuuuuuuuuu!!!!”.
-Grande amigo, após a ficha cair, viu como eu estava certo sobre ser aprovado na seleção. Você agora, ao contrário de mim, tem um salvo-conduto, que apesar de não ser estético, nem ético, nem belo, é um salvo-conduto.
Entretanto, cabisbaixo e mais triste ainda, o grande amigo refletiu afirmando: estamos todos no mesmo curral e, no final das contas, tanto faz ser selecionado, campeão, reprodutor ou esbelto.
- Grande amigo, aonde você quer chegar com essa controvérsia toda???
Imóvel, ele fala sobre o segundo “Muuuuuuuuuuuuuuu!!!! da grande vaquinha vitoriosa no torneio, dizendo que não havia escapatória e que todos irmãos ruminantes um dia vão estar no o centro das rodadas de churrasco e de cerveja de um outro animal sanguinário qualquer.
- Grande amigo, isto posto, então só me resta erguer a cabeça, olhar pro céu e mugir...”há Deus!?”
- Muuuuuuuuuuuuuuu!!!! ...
De repente, somos flagrados terceirizando problemas alheios. Como essa conversa de bois, ops!...ou melhor, de dois amigos nas pecuárias da ...
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-Grande amigo, parabéns pela nova parceira.
Pego de surpresa, o amigo, com a voz embargada, responde: - Sou pelo lado estético. E, como diz o poeta, beleza, pra mim, é fundamental. Então, nada feito, nada de parceira.
- Grande amigo, ela passou na seleção, é uma campeã. E pode facilitar sua vida em todos os sentidos, moradia, alimentação, viagens. Tudo de primeira. Você perdeu o juízo?
Agora, procurando argumentos e balançando a cabeça negativamente, ele diz que é muito constrangedor ficar por conta dos outros. “Ainda mais eu que, além de ter um nome a zelar, não vejo condições de convivência. É muito desprovida de recursos. Até anda com as pernas abertas”.
-Grande amigo, ela derrubou todas as concorrentes. É a melhor das melhores. Pode não ser a mais bela, mas, com certeza já é a dona do cofre e de todas as atenções. Tornou-se cortejada. E você fica aí com esse negócio de estética, de beleza, de amor próprio. Não perca essa chance. Senão, senão...você pode ser considerado um animal incompetente...um burro.
Conversa vai, conversa vem, mas, eis que chega o dia do grande encontro.
A expectativa é geral.
Os promotores, alcoviteiros, cruzam os dedos e ficam à espreita.
Olhos nos olhos, ela se aproxima dona de si e cheia de soberba; causando pecados capitais, como, inveja, nos invejosos, e irá, nos irados.
Naquele momento, o mundo, esquecido, parou.
Ninguém pensava em concurso, em viagens, comidas, estética, beleza.
Nada.
O cio cegou o casal, sem juízo, na arena das necessidades fisiológicas.
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- Grande amigo, me diga com quem andas que eu te direi quem és! E aí, preparado para uma vida de ócio e cruzas, de prazer e sucesso, de reconhecimento.
Pensativo, reflexivo, introspectivo, ele disse estar preparado, mas que temia em relação ao futuro do amigo.
- Grande amigo! Meu futuro, o que tem de errado em relação ao meu futuro?
Geralmente, disse ele taxativo, o gado de corte vai para o abate mais cedo.
-Grande amigo, quem te contou sobre fatalidade tão cruel, que está a merecer uma queixa-crime, uma ação.
Desconsertado, ele apontou para a grande vaquinha campeã, que havia mugido em seu ouvido algo parecido com “Muuuuuuuuuuuuuuu!!!!”.
-Grande amigo, após a ficha cair, viu como eu estava certo sobre ser aprovado na seleção. Você agora, ao contrário de mim, tem um salvo-conduto, que apesar de não ser estético, nem ético, nem belo, é um salvo-conduto.
Entretanto, cabisbaixo e mais triste ainda, o grande amigo refletiu afirmando: estamos todos no mesmo curral e, no final das contas, tanto faz ser selecionado, campeão, reprodutor ou esbelto.
- Grande amigo, aonde você quer chegar com essa controvérsia toda???
Imóvel, ele fala sobre o segundo “Muuuuuuuuuuuuuuu!!!! da grande vaquinha vitoriosa no torneio, dizendo que não havia escapatória e que todos irmãos ruminantes um dia vão estar no o centro das rodadas de churrasco e de cerveja de um outro animal sanguinário qualquer.
- Grande amigo, isto posto, então só me resta erguer a cabeça, olhar pro céu e mugir...”há Deus!?”
- Muuuuuuuuuuuuuuu!!!! ...
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