quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Um canto, uma pedra, um caminho


Por agnaldo gomes em 2000        

      

Num corre-corre danado, cada um buscava encontrar aquele lugarzinho para presenciar a grande virada rumo ao ano 2.000. Nas asas do prazer e da euforia, a pedra no caminho era o bug do milênio.

Do catastrofismo à  prevenção, “salvaram-se todos”.

A bela Terra cumpriu a sua sina. Completou mais uma volta em torno do Sol.

              Redonda, ela iludiu o homem, fornecendo-lhe um canto.

Um lugar qualquer.

                             Planeta inteligente.

A terra, praticamente,  dribla o Sol.  
              
                                  Autocontrolando-se.

Os  outros planetas sofrem, resignadamente,  todas as conseqüências do frio ou  do calor. Não podem fazer nada.

A Nave Azul, não. Ela curte tudo. E nos dá a noite,  e nos dá  o dia.

Só pra nós, todos nós.

Sedutora. Ela acabou contagiando a todos. Os espaços de sobrevivência,   dadas as condições de cada momento, foram garantidos.  Uns mais, outros menos tiveram e têm os seus momentos, micro ou macro, de glórias. Viram!

Ela também é generosa.

Por ser, dentro de suas limitações, inteligente e generosa, só ela, é claro, poderia dar oportunidade para o surgimento de vida também inteligente. 

Surge o homem.

A espécie nova. Vai evoluindo aos poucos, afastando-se cada vez mais de sua origem natural. Civiliza-se. Da concretude do medo ao abstracionismo impune, o bicho, às cegas, caminha. Busca racionalizar, entender.  Quando sem norte, quer  se justificar, fantasia   um deus. Até mesmo se achando   o centro de tudo.

Ousadia.

O Brinco Azul do Sol movimenta-se, gira.  Os terráqueos encontram-se, ainda, perdidos. O labirinto é o Absoluto - o Relativo – o  Racional. Inexplicável. 

  egoísmo.  Umbigo.

Este ano a colheita vai ser boa. Vai chover bastante. Como Deus é bom. Chove para que o homem possa plantar, comer, procriar. Existir

Será que a Terra sabe disso?

Certeza. Quem sabe, talvez,  foram as artimanhas  que ela criou  para fugir do assédio do Sol. Detalhe esse vital para os inquilinos  – Terra e homem. O elo é  entre tudo. A Terra precisa   do calor e do frio, das cores, das plantas, da noite, do dia, da dinâmica, da ilusão.  É complicado entender as coisas simples.

 Ignorância.

A oportunidade foi dada ao homem para usufruir. Destruir, jamais. Na verdade, o  que ocorre é justamente o contrário. A destruição é geral.

A maioria das espécies está em processo de extinção. Destruidora. Só uma crê escapar desta fatalidade.

Uma maça bichada. Assim, pode-se comparar nossa casa  e seus moradores. A conseqüência é uma só, acabar. A maçã e a casa perdem o vigor, a vitalidade. O bicho-da-maçã é mais felizardo, porque ignora o que  o espera. O bicho-da-Terra, ao contrário, vai pagar um preço muito alto.

Futuro.


Térmica.  A Terra precisa do seu ponto de equilíbrio. E isso pode representar o fim de sua generosidade para como o bicho homem.

Fatos.

 Num futuro próximo, quem sabe, todos vão se lembrar :  “Em 2.000, o mundo tinha cantos, onde muitos queriam ficar.  Hoje, onde podemos nos esconder”.

 Sem versão dos fatos.

Nas próximas voltas, quem sabe, gente, a Terra sinta  que existe uma pedra no seu caminho.   

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