Por agnaldo gomes em 2000
Num corre-corre danado, cada um buscava encontrar aquele lugarzinho para presenciar a grande virada rumo ao ano 2.000. Nas asas do prazer e da euforia, a pedra no caminho era o bug do milênio.
Do catastrofismo à prevenção, “salvaram-se todos”.
A bela Terra cumpriu a sua sina. Completou mais uma volta em torno do Sol.
Redonda, ela iludiu o homem, fornecendo-lhe um canto.
Um lugar qualquer.
Planeta inteligente.
A terra, praticamente, dribla o Sol.
Autocontrolando-se.
Os outros planetas sofrem, resignadamente, todas as conseqüências do frio ou do calor. Não podem fazer nada.
A Nave Azul, não. Ela curte tudo. E nos dá a noite, e nos dá o dia.
Só pra nós, todos nós.
Sedutora. Ela acabou contagiando a todos. Os espaços de sobrevivência, dadas as condições de cada momento, foram garantidos. Uns mais, outros menos tiveram e têm os seus momentos, micro ou macro, de glórias. Viram!
Ela também é generosa.
Por ser, dentro de suas limitações, inteligente e generosa, só ela, é claro, poderia dar oportunidade para o surgimento de vida também inteligente.
Surge o homem.
A espécie nova. Vai evoluindo aos poucos, afastando-se cada vez mais de sua origem natural. Civiliza-se. Da concretude do medo ao abstracionismo impune, o bicho, às cegas, caminha. Busca racionalizar, entender. Quando sem norte, quer se justificar, fantasia um deus. Até mesmo se achando o centro de tudo.
Ousadia.
O Brinco Azul do Sol movimenta-se, gira. Os terráqueos encontram-se, ainda, perdidos. O labirinto é o Absoluto - o Relativo – o Racional. Inexplicável.
Só egoísmo. Umbigo.
Este ano a colheita vai ser boa. Vai chover bastante. Como Deus é bom. Chove para que o homem possa plantar, comer, procriar. Existir
Será que a Terra sabe disso?
Certeza. Quem sabe, talvez, foram as artimanhas que ela criou para fugir do assédio do Sol. Detalhe esse vital para os inquilinos – Terra e homem. O elo é entre tudo. A Terra precisa do calor e do frio, das cores, das plantas, da noite, do dia, da dinâmica, da ilusão. É complicado entender as coisas simples.
Ignorância.
A oportunidade foi dada ao homem para usufruir. Destruir, jamais. Na verdade, o que ocorre é justamente o contrário. A destruição é geral.
A maioria das espécies está em processo de extinção. Destruidora. Só uma crê escapar desta fatalidade.
Uma maça bichada. Assim, pode-se comparar nossa casa e seus moradores. A conseqüência é uma só, acabar. A maçã e a casa perdem o vigor, a vitalidade. O bicho-da-maçã é mais felizardo, porque ignora o que o espera. O bicho-da-Terra, ao contrário, vai pagar um preço muito alto.
Futuro.
Térmica. A Terra precisa do seu ponto de equilíbrio. E isso pode representar o fim de sua generosidade para como o bicho homem.
Fatos.
Num futuro próximo, quem sabe, todos vão se lembrar : “Em 2.000, o mundo tinha cantos, onde muitos queriam ficar. Hoje, onde podemos nos esconder”.
Sem versão dos fatos.
Nas próximas voltas, quem sabe, gente, a Terra sinta que existe uma pedra no seu caminho.
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